quinta-feira, 3 de março de 2011

O Remédio Imaginário - A Imigração não vai Salvar o Québec

É isso aí, pessoal

Está rolando esta semana uma discussão aqui na província sobre um novo livro lançado por dois autores quebécois, dizendo que a imigração não vai salvar o Québec. Um deles deu até entrevista na televisão!

Os argumentos são simples. Os dois principais benefícios obtidos pela província através dos imigrantes são a redução da idade da população e o crescimento da economia.

Sobre o primeiro benefício, de acordo com pesquisa realizada pelos autores no Québec e em alguns outros países, seriam necessários mais de 200 mil imigrantes somente no Québec para parar o envelhecimento da população. Este ano a província irá acolher pouco menos de 50 mil e será um recorde (hoje saiu no metrô que eles não conseguem nem isso). De acordo com os autores, se o Québec não tivesse recebido nenhum imigrante desde 1971, a média de idade seria de 41 anos, ou seja, 1 ano a menos do que é hoje. De fato, para modificar significativamente a pirâmide etária, seria necessário 10 vezes mais imigrantes do que existe hoje.

Quanto à variação econômica, o perfil dos imigrantes recebidos pela província não favorece o crescimento, visto que existem diversos problemas culturais, de integração e de linguagem, que impedem que as pessoas ingressem imediatamente no mercado de trabalho. E as estatísticas falam por si: a média salarial dos imigrantes é de 20 a 40% da média de trabalho dos nativos. Os diplomas estrangeiros são dificilmente reconhecidos pelos empregadores locais, o idioma é uma barreira dificílima de transpor. Um imigrante com diploma universitário e com domínio da língua possui ganhos equivalentes a um secundarista quebecóis. Assim, não há ganho na arrecadação de impostos. Pelo contrário. Como minha experiência particular, conheço muitas famílias de brasileiros que vivem às custas do governo e por enquanto não querem saber de trabalhar, vivendo dos benefícios dados para os imigrantes. Isso apenas tratando-se dos brasileiros, que entendo ser em sua maioria um povo trabalhador. Imaginem os outros latinos, asiáticos, africanos, refugiados, etc. Gente, o pessoal não está vindo preparado mesmo. E precisa MUITA preparação. MUITA mesmo! Assim, me colocando sob o ponto de vista dos habitantes locais, é óbvio que olha-se para os imigrantes como quem está aqui para receber o dinheiro que é descontado mensalmente dos quebecóis, pois todo mundo divide o bolo.

Então, avaliando o resultado da nossa província e de outras também, o Ministério de Imigração já está estudando algumas mudanças no processo Federal, que tendem a selecionar mais o pessoal que está chegando:
  • O idioma passará a valer 20 pontos ao invés de 16;
  • Algumas profissões da NOC exigirão nível mais elevado de proficiência no idioma;
  • A idade que terá pontuação máxima será de 35 anos ao invés dos 49 atuais;
  • A experiência profissional terá sua pontuação reduzida de 21 para 15 pontos, mas será aumentada a quantidade de anos de experiência (hoje é 1 nos últimos 10 anos);
  • As profissões com exigência de reconhecimento de diploma precisarão ser reconhecidas antes da aplicação para a imigração;
  • Será reduzido o critério de anos de educação contínua (ainda em estudo);

Os especialistas em imigração aqui das terras geladas dizem que aqueles que possuem mais de 35 anos devem iniciar o processo imediatamente, pois o MICC não definiu data para colocar em vigor estas alterações. Mas percebe-se claramente que eles vêem o idioma e a baixa idade como fatores bem mais favoráveis ao sucesso do que a experiência profissional. Por enquanto, ainda não consegui avaliar isso, pois sou de TI e o trabalho é mais similar (para mim, não houve muita diferença, pois já trabalhava em inglês no Brasil e mesmo em Montréal, muito do meu trabalho é em inglês).

Bem, fica a sensação estranha de que estamos sendo meio "usados" por eles (nós trabalhamos, eles curtem), mas de qualquer forma, a vida é boa e na prática o que tenho visto é o contrário (eles trabalham e pagam impostos e nós curtimos). Já estou me sentindo meio em casa...

E seguimos com passos firmes de quem sabe onde quer chegar!!!

Abração e a Paz

quarta-feira, 2 de março de 2011

Você Está Acostumado ao Canadá Quando...

Oie, Povo de Deus

Esta semana rolou um post em um grupo de discussão e achei super legal, por isso, estou colocando as respostas aqui, pois muitas delas são também parte de nossa vida.

Você está acostumado ao Canadá quando...
  1. Nem se espanta mais ao dirigir sobre as ice roads (estradas geladas, onde o carro desliza facilmente);

  2. Está de bobeira em casa ou na rua à noite e vê a aurora boreal (para quem mora nos terrirórios mais ao norte);

  3. Encontra uma raposa quase todos os dias pela manhã (para quem mora perto da tundra canadense);

  4. Fica feliz da vida quando a temperatura está acima de -25;

  5. Sempre tem uma sacola não descartável no carro ou na bolsa - sempre a gente precisa, pois no supermercado eles cobram $ 0,05 pelas sacolas de plástico - quem não é green acaba ficando na marra...

  6. Quando toma café to Tim Hortons e acha gostoso...

  7. Quando está -40 de windchill (sensação térmica causada pelo vento) e você sai para passear com o cachorro (na noite de natal, cheguei em casa 3h da manhã e tinha um cara passeando com o cachorro);

  8. Quando lembro que ao sair de casa tenho que usar bota anti-derrapante, suéter, touca, luvas, casaco 1, casaco 2, casaco 3, protetor para orelhas, e ainda saber onde estão as chaves do carro;

  9. Acho estranho se alguém me pergunta algo pessoal;

  10. Minha filha mais nova sai com as amigas de bicicleta e eu nem esquento;

  11. Minha restituição do IR é depositada na conta 2 semanas depois da declaração;

  12. Entro e saio do trem ou ônibus sem catraca, bilheteria, etc;

  13. Fico revoltado quando o motorista do ônibus não me dá "bom dia";

  14. Começa a ficar com raiva da neve e achar o inverno longo demais;

  15. Quando fica nervoso assistindo seu time de hockey jogar (no meu caso, os Canadiens de Montréal, que sempre perdem. É pior que ser coxa-branca no Brasil - mas todos aqui amam eles de paixão);

  16. Perde a noção de calcular seus ganhos por mês e só sabe calcular por ano;

  17. Quando sonha que está no Brasil e acorda aliviado por estar no Canadá (essa aconteceu comigo);

  18. Quando acorda e liga o canal do tempo antes mesmo de escovar os dentes ou fazer xixi...

Mais alguma coisa? Quem se habilita....

Abração e a Paz

A notícia da gravidez e o atendimento pré-natal

Antes da minha partida para o Canadá descobri que estava grávida de 6 semanas. O Igor já havia chegado em Montreal havia 18 dias e a vida estava engrenada (trabalho, curso francês, casa montada, trabalho na igreja, amigos, etc). Tudo estava indo da melhor forma possível.

Uma gravidez é sempre uma benção, mas ela deve ser assumida com responsabilidade. De início meu primeiro pensamento foi: Não vou mais para o Canadá, ficarei no Brasil para receber meu bebê com qualidade de atendimento.

Meu medo era chegar no Canadá e não poder ser atendida pelo sistema de saúde Canadense, já que imigrantes só estão cobertos após 3 meses de entrada no país e eu queria um pré-natal completo, onde eu pudesse acompanhar o desenvolvimento do nosso bebê desde o início. O seguro saúde que havíamos feito para cobrir os primeiros três meses não contemplava gravidez.

O Igor como sempre, muito planejador, não decidiu nada de cabeça quente ou sob a pressão da situação. Imediatamente começou a buscar informações junto a um de nossos amigos que teve atendimento pré-natal, que sugeriu ao Igor ligar direto para Régie de L'Assurance Maladie du Québec (RAMQ), órgão responsável pelo sistema de saúde da Província do Québec. Obtivemos a informação que precisávamos para decidir se iríamos ou não ganhar nosso nenê no Brasil ou em Montreal. Fomos informados pelo RAMQ de que há alguns casos em que a carência dos três meses não é exigida, entre eles a gravidez. Ou seja, eu estaria coberta pelo governo desde o momento que passasse a residir na província de Québec. Após esta informação e depois de termos conversado com nossos amigos que tiveram filhos aqui, decidimos manter os planos e ganhar o nosso nenê aqui em Montreal.

Aqui funciona assim: se você escolher o médico não escolhe o hospital, pois terá que realizar os procedimentos de pré-natal no hospital em que o médico escolhido atende. Se for o contrário, você quiser escolher o hospital, então quem decidirá quem será o médico que lhe acompanhará em todo o pré-natal será o hospital. - Nós decidimos escolher a médica, já que tinha uma amiga que havia feito todo pré-natal com ela e gostou muito, além de que o consultório da médica é na ilha em que eu moro, bem pertinho da nossa casa.

Minha primeira consulta foi dia 09 de janeiro. Claro que o Igor teve que ir comigo porque meu inglês tupiniquim não era suficiente para manter um diálogo médico, eheheh. Adorei a médica, ela foi super solícita, gentil e muito profissional. Nos orientou de que deveríamos ir até o hospital fazer minha carteira hospitalar e já realizar alguns exames (ecografia, exames de sangue, etc). Todos os resultados de exames que são feitos no hospital são enviados para a clínica da médica, assim ela já tem acesso aos resultados e se necessário a secretária da clínica liga para nova consulta. Temos consultas mensais e no último mês da gravidez as consultas se tornam semanais.

O hospital que estou sendo atendida chamá-se St. Mary, até agora não tenho do que me queixar. O atendimento é rápido, desde que você tenha a documentação necessária (passaporte com papel que atesta ser residente permanente, o número do Assurance Maladie, carteira do hospital). Já fui ao hospital 4 vezes: 1) para fazer a carteira do hospital e fazer novos exames; 2) retornei para repetir um exame que a Dra. solicitou; 3) atendimento de emergência (conto no próximo post); 4) Retorno da emergência.

Nestes quatro momentos fui muito bem atendida, o que me traz muita segurança de que fizemos a escolha certa em termos nosso nenê aqui.

A propósito: fiquei sabendo o sexo com 12 semanas. É um menino, se chamará Thiago. O consagramos a Deus, como fizemos com nossos primeiros filhos que hoje são uma benção na nossa vida.

Sempre atentos as beçãos de Deus em nossas vidas, seguimos, nós cinco, sempre com passos firmes de quem sabe onde quer chegar...