terça-feira, 8 de abril de 2014

Philippe Coulliard Eleito


Québecois et Québecoises,
Estamos aqui assistindo o final da apuração dos votos, mas não há mais volta. O Partido Liberal do Québec (PLQ) já elegeu 70 deputados e tem portanto a maioria na Assemblée Nationale. Assim, o chefe do partido, Phillipe Couillard torna-se o novo primeiro-ministro do Québec. De acordo com os analistas políticos, esse foi um recado das urnas aos políticos: "queremos um governo que se preocupe com saúde, educação, economia, e não com Charte de Valeurs ou com a independência do Québec".
Pauline Marois e o Parti Québecois conseguiram eleger 30 deputados, mas mesmo ela foi derrotada em sua circunscrição, o que deixou o recado ainda mais claro. Fui agora ver o discurso de Mme. Marois e ela anunciou que deixará a carreira política. Em um discurso bastante emocionado, ela agradeceu a seu partido e pediu aos québecois não esquecerem suas origens, a língua francesa e que lamenta por tudo o que seria oferecido ao partido e por não poder ver o seu país finalmente realizado. Seu candidato a primeiro-ministro, Pierre-Karl Peladeau, foi eleito em sua circunscrição, assim como Bernard Drainville, o criador da Charte de Valeurs. O sonho do Québec independente ficará adormecido por um tempo.
Na minha opinião, no entanto, o grande vencedor da noite foi François Legault, da Coalision Avenir-Québec (CAQ), que elegeu 22 deputados e será provavelmente o líder da oposição, chegando bem perto do PQ em número de candidatos eleitos. Ele saiu do PQ há pouco tempo e seu partido cresceu rapidamente, chegando ao ponto que está agora. Em seu discurso após o resultado das eleições, ele declarou que apoiará M. Couillard, mas que fará uma oposição vigilante. Foi também eleito deputado em sua circunscrição.
Bem, podemos esperar agora pelo menos 4 anos de estabilidade política na província, pois temos um governo majoritário, e bastante cooperação com o governo federal canadense, pois temos os liberais no poder. Vamos seguir de perto. Nas próximas eleições, provavelmente estaremos votando. E é impressionante perceber como o nosso voto faz diferença em um local como este, com poucos milhões de eleitores, onde muitas disputas são decididas voto a voto e todas as opiniões são, ao menos, respeitadas.

E vamos seguindo com passos firmes de quem sabe onde quer chegar.

Abração e a Paz
Igor Schultz





domingo, 6 de abril de 2014

Todos às Urnas!!!!

Bom dia, pessoal!

Bem, para os que ainda não estão a par, estamos às portas de mais uma eleição provincial. Isso mesmo, amanhã, 7 de abril serão eleitos novos deputados e o primeiro-ministro do Québec. Quais serão os impactos para os imigrantes e para a província em geral? Bem, vamos ver um pouco do background deste evento:

Diferente do Brasil, como já citado em outros posts, aqui no Canadá as eleições não seguem uma frequência determinada, como um escrutínio a cada 4 anos. O primeiro-ministro ou a assembléia de deputados pode pedir uma eleição por qualquer que seja o motivo. Por exemplo, em 2011, o primeiro ministro do Canadá, Stephen Harper, apresentou o orçamento para o próximo exercício e este foi contestado pela oposição, que exigiu novas eleições

Da mesma forma, a atual primeira-ministra Pauline Marois, do Parti Québecois, decidiu convocar as eleições simplesmente porque seu partido é minoria na assembléia. E com a apresentação da Charte de Valeurs, ela ganhou a antipatia de muitos deputados do partido que apoiavam as minorias imigrantes, culminando com a expulsão de Fatima Houda-Pepin, que não concordava com a proposta. Assim, Pauline se viu com menos assentos ainda na assembléia. Ela precisava então reverter a situação para poder aprovar muitos de seus projetos, incluindo a Charte de Valeurs e quem sabe, um referendo para a separação da província. Assim, ela convocou as eleições em 5 de março, todo mundo botou os cartazes nas ruas e chegou a hora de votar. Novamente, a família Schultz não vota, pois ainda não somos cidadãos canadenses. Quem pode já votou no último domingo, pois há a possibilidade de antecipação do voto. Mais de 500 mil pessoas votaram, de um total de quase 6 milhões de eleitores.

Bem, vamos ver o perfil de cada um dos principais partidos e candidatos desta eleição:

File:Photographie officielle de Pauline Marois.pngPauline Marois (Parti Québecois - PQ): atual primeira-ministra, ela convocou as eleições para poder ter maioria na assembléia e poder aprovar suas propostas. Seu governo começou forte, mas foi se enfraquecendo aos poucos à medida que os que aguardavam ver as reformas pro-independência da província foram ficando chupando o dedo. Pauline é soberanista (sonha com a independência do Québec), mas precisa lidar com a oposição e com muitos grupos empresariais e associações de classe que ameaçam deixar a província em caso de medidas muito radicais. Nas últimas semanas, quando questionada sobre o referendo da independência do Québec em caso de ser reeleita, ela disse que "a eleição trata da substituição do primeiro ministro, e não da soberania. O referendo virá de acordo com a vontade dos quebequenses". Isso deixou muitos radicais do partido irritados, pois viram que ela não parecia firme na posição de defender o tão sonhado país Québec. A um mês das eleições, Pauline disse que sua proposta de governo seria um "livro em branco", que seria preenchido pelos cidadãos em consulta, o que foi motivo de chacota de seus adversários, dizendo que ela estaria sem nenhuma proposta concreta. Estava em maioria nas pesquisas mas veio descendo à medida que o tempo passou. Agora está em segundo nas pesquisas, atrás dos liberais de Phillipe Couillard. Se o PQ for eleito, o primeiro-ministro será na verdade Pierre-Karl Péladeau, que abandonou seu posto de presidente da Cogeco, um dos maiores grupos de comunicações do Québec, para sair como candidato e anda à tiracolo de Pauline por toda a província.


Philippe Couillard (Parti Libéral du Québec - PLQ): principal candidato de oposição, possui uma plataforma baseada em "discutir os verdadeiros problemas" da sociedade quebequense, contando com economistas e empresários em sua equipe de governo. Assim, fala-se muito em economia, reforma política, e principalmente em críticas à sua rival Pauline Marois. Se opõe fortemente à uma mudança do status político da província, e afirma que uma vitória do PQ seria certamente um passo para a convocação de um referendo para a independência do Québec.

File:François Legault2011.jpgFrançois Legault (Coalision Avenir Québec - CAQ): François Legault era um deputado do PQ mas decidiu sair e fundar seu próprio partido. Plataforma também baseada na economia, pretende reduzir o tamanho do Québec economicamente, reduzindo os gastos do estado de modo a atingir o equilíbrio orçamentário em 2014-2015 (o Québec tem uma dívida enorme hoje), sem aumentar taxas ou impostos. Portanto, um governo Caquista deverá parar o crescimento do setor público e inclusive enxugar o tamanho de alguns setores muito dispendiosos.




Bem, independente de plataforma de governo, o que a gente tem visto e acompanhado com os nossos colegas no trabalho e na TV é que simplesmente existe a posição "a favor do PQ" e "contra o PQ". Os imigrantes estão indo em massa votar contra a Pauline, principalmente por causa da posição radical da Charte e também da separação do Québec (afinal, nós viemos aqui para ser canadenses, não é mesmo?).

O último resultado das pesquisas eleitorais (4 de abril) foi o seguinte:

  • PQ: 27%
  • PLQ: 39%
  • CAQ: 25%
  • Outros: 9%
Assim, tudo leva a crer que Couillard será eleito, mas também terá um governo minoritário. O que parece bom, pois mesmo a reputação dele também é muito questionada por aqui e no final das eleições aparecem escândalos em todos os canais. Alguns dizem que é verdade, outros mentira, mas, conforme um amigo falou hoje depois da missa: "quem quer que esteja lá, é melhor que não seja maioria, pois isso poderia virar uma ditadura"... Credo.

Vamos esperar o que vai vir amanhã. As pesquisas eleitorais em um colégio onde o voto não é obrigatório frequentemente não dizem a verdade. Assim, sempre pode haver surpresas...

E vamos seguindo com passos firmes de quem sabe onde quer chegar!

Abração e a Paz
Igor Schultz