segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Escola Secundária no Québec: Fim da História

Boa noite, Povo de Deus

Para entender este post, será necessário antes ler o dossier completo sobre a educação secundária do Québec. No final deste post, a gente dizia que as crianças tinham conseguido suas vagas na École F.A.C.E. na comissão escolar de Montréal (CSDM), mas que estávamos esperando a aprovação da comissão escolar quando as crianças tivessem seus boletins indicando que foram aprovados para o regular.
 
Bem, voltei no início do ano à F.A.C.E. para verificar como estava a situação e tudo foi confirmado novamente. Então, recebi uma ligação desta escola no início de junho para me pedir o pagamento das taxas escolares de CAD$ 419,00 para cada um. Então, fui visitar a escola, pois a última notícia que tinha era que eles nem haviam sido aprovados pela comissão escolar. Então como a escola estaria me pedindo as taxas? Chegando lá, me deparei com duas situações inesperadas: o quadro de funcionários da escola mudou completamente! Desde o diretor até todos os funcionários administrativos tinham sido trocados. E então veio a segundo novidade: só o Matheus havia sido aprovado para entrar. A Thabata não havia conseguido a vaga. Então, perguntei sobre o que havia sido acordado, levei os comprovantes de aprovação dos dois alunos, mas ninguém lembrava ou sabia do que havia acontecido (!!!!), mesmo com os comprovantes!!! Questionei o porquê do Matheus ter sido aceito, já que ambos não haviam sido aprovados pela comissão escolar, e comecei a ser questionado quanto à vaga dele. Me perguntaram: "Como que seu filho foi aprovado se não existe o acordo com a comissão escolar?" Eu falei: "Não sei! Essa pergunta sou eu quem tenho que fazer!!!". Então, de uma situação onde tudo estava resolvido, passamos a ficar com medo da Thabata simplesmente não ter onde estudar! Ficamos surpreendidos e impressionados sobre como tudo mudou de uma semana para a outra...
 
Então, como que em um milagre na semana seguinte, quase já no finalzinho de junho, nos ligaram do Collège Saint-Louis, uma das melhores escolas do Québec, e a escola que as crianças haviam amado quando tinham ido na journée portes-ouvertes. Eles queriam uma entrevista com os nossos filhos.  Marquei para terça da próxima semana. As crianças foram e fizeram um teste junto com várias outras crianças, onde o objetivo era fazer uma apresentação sobre mostrar o valor da educação para os pais. De acordo com o que disseram nossos filhos, os candidatos simplesmente se calaram e eles acabaram tendo que liderar a discussão e até apresentar o resultado. Enfim, no outro dia me ligaram dizendo que eles haviam sido aprovados. Da desesperança à alegria total em uma semana! Fizemos as matrículas e atualizamos a documentação das crianças na escola e eles começaram a estudar no final de agosto. Como sempre, claro, amando a escola e tudo mais. A logística era meio complicada: como já morávamos em Candiac, em nossa casa nova, eles acordavam às 6h, pegavam ônibus na esquina de casa às 6:45h, pegavam o trem 7h, desciam em LaSalle e pegavam um outro ônibus para chegar na escola 7:40 mais ou menos. E para voltar, outra novela igual, mas em sentido inverso... Porém, estava valendo à pena. O Matheus chegou até a ajudar na journée portes-ouvertes da escola e os professores aprenderam logo a gostar dos dois...
 
Na metade de setembro, o colégio nos liga perguntando se havíamos mudado para Candiac. Falei que sim, pois havíamos comprado uma casa. A mulher do outro lado da linha me diz: "Então seus filhos não estão mais autorizados a estudar nesta escola, pois Candiac fica fora de nossa comissão escolar. Você tem até o dia 30 de setembro para conseguir um acordo (entente extraterritorial) com a sua comissão escolar de modo que eles possam estudar aqui". Gente, eu estava na empresa, sentei na cadeira e tive um sentimento de cansaço imenso, pois achava que tudo estava resolvido, e de uma semana pra outra, desolação total... Fomos na Comissão Escolar des Grandes Seigneuries (CSDGS), que atende nossa região, para pedir a autorização, alegando o fato de que o Collége Saint-Louis era a única escola que havia aceitado as crianças no terceiro secundário vindo da classe d'accueil.
 
E ficamos esperando. Aí então, vim a descobrir que o ministério da educação do Québec tira uma foto de todas as escolas no dia 30 de setembro, para distribuir uma verba para o ano com base na quantidade de alunos. Assim, nossas chancer diminuíram bastante, pois eles certamente iriam querer ficar com mais dois alunos para ter mais grana para a comissão escolar. Então, o diretor da CSDGS me ofereceu a École Fernand-Ségun, à duas quadras de nossa casa, onde cheguei à matricular as crianças. Mas bati o pé e disse que a escola não era internacional e que a gente sairia perdendo. Assim, o diretor me ligou para levar as crianças para uma entrevista na École de la Magdeleine, com currículo internacional, e disse: "se a diretora da escola aceitar seus filhos, eles terão de ficar em nossa comissão escolar. Se ela não os aceitar, achando que não poderão acompanhar, eu te dou o acordo de transferência e seus filhos poderão continuar no Collège Saint-Louis". Bem, é óbvio que se as crianças foram aprovadas na melhor escola do Québec, seria tranquilo deles serem aceitos nesta escola.
 
A diretora fez uma entrevista com eles, onde não foi possível avaliar muita coisa, na minha opinião, e fiquei até com a sensação de que o negócio estava armado para ficarem mesmo com o dinheiro do ministério de educação e também com nossas taxas de inscrição. Claro que, no final, o diretor me ligou e disse: "seus filhos foram aceitos e podem estudar no terceiro secundário de nossa escola". Então, acabamos perdendo a briga e as crianças foram estudar na École de la Magdeleine. Agora, estão já adaptados e estão gostando. A escola é enorme, com 3.200 alunos (normalmente as escolas aqui têm em torno de 500 alunos) e lembra um pouco as escolas do Brasil. As vantagens são que a aula começa mais tarde e as crianças podem dormir mais. Além disso, o ônibus é gratuito e é o ônibus amarelinho que a gente vê nos filmes (novidade para as crianças, ehee.)... o ônibus pega eles na esquina e devolve na porta de casa.
 
Enfim, a principal lição aprendida foi essa tal data de 30 de setembro. Se a gente deixasse para comunicar a mudança do endereço depois do dia 30, a comissão escolar seguramente daria a carta de transferência, pois nunca iriam querer mais dois alunos sendo que o valor a ser distribuído pelo governo já tinha sido calculado. Espero que esta informação ajude os outros que estão chegando à escolher um local perto de uma boa escola e também na hora da mudança...
 
E vamos seguindo com passos firmes de quem sabe onde quer chegar!
Abração e a Paz

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá família Schultz! Amei o post, foi DEMASIADAMENTE importante para minha família. Descobri o blog de vocês somente hoje e estou muito efliz por tê-los encontrado!
Temos uma situação parecida com a de vocês (2 adolescentes 13 e 15 anos) e a escola é o que mais me preocupa. Elas sempre estudaram em escolas boas aqui em SP e prezo muito pela educação. Quando decidimos que ir para o Canadá, tb pela qualidade de vida, segurança e um futuro mais promissor para nossas meninas, não imaginávamos que poderíamos ter todos estes problemas com a escola delas. Puxa, vocês sofreram um bocado, hein! Que angústia! E as crianças estão gostando da escola? O que vocês estão achando do ensino?
Meu maior temor é de as matérias serem muito diferentes das daqui do Brasil e elas terem dificuldade para acompanhar..
Nossa, tenho tanta coisa para perguntar para vocês!!
Seria possível trocarmos e-mail?
Obrigada e parabéns pela dedicação ao blog, isso ajuda muito gente!!
Um abraço à todos! E muito sucesso para a família!
Segue meu email: junurse.canada@yahoo.com.br
Juliana

Carlos Henrique disse...

Oi Igor,meu nome é Carlos Henrique,
acompanho voces desde de Curitiba!!
Gostaria de saber qual o propósito de voce preferir uma escola internacional para as crianças? Tem muita diferença no curriculum ou é melhor para a adaptação das crianças?
Um abraço,
Carlos Henrique