domingo, 17 de julho de 2011

Fim da gravidez: nasceu nosso bebê
















Oi gente,

Pode parecer, mas não abandonamos o nosso blog, demos um pequeno tempo, pois nosso pequeno Thiago nasceu e tudo mudou.Não há mais tempo pra nada, sequer conseguimos dormir.

O último post sobre a graidez foi em Abril, onde descrevi alguns atendimentos de emergência que recebi por aqui. Depois daqueles houve vários outros, pois no decorrer deste período fui diagnosticada com uma Síndrome que ocorre em mulheres grávidas cujo o nível de plaquetas despenca, trazendo algumas complicações na gravidez. Diante disso minha obstetra sugeriu, ainda em Abril, que eu consultasse um Hematologista. Fui encaminhada para o especialista do hospital, mas tive que entrar em uma lista de espera, pois eles entenderam que meu caso não era grave.


No período de 1 mês de espera por uma consulta minhas plaquetas caíram pela metade e quando cheguei no Hematologista faltava apenas 5 semanas para meu bebê nascer. Mesmo assim o tratamento foi iniciado na base de medicação, apesasr da obstetra querer eu recebesse plaquetas direto, através de transfusão de sangue. O Hematologista achou desnecessário e preferiu um tratamento menos invasivo. Seguimos este plano, porém não deu certo.

Após 2 semanas de tratamento convencional as plaquetas continuaram a cair, porém agora faltava apenas 3 semanas para o nenê nascer. Nesta altura resolveram me internar e me submeterem a um tratamento de choque (ehehheh): injeção de imunoglobulina direto na veia, que nada mais é que um catalisador de plaquetas. Para isso fiquei internada 3 dias em uma ala só para cuidados de mulheres grávidas.Uma vez por dia era transferida para uma ala isolada onde recebia a transfusã. O que eu não sabia era os efeitos colateraris deste tratamento, que fui descobrir enquanto eles agiam em mim. Durante a transfusão sentia fortes dores de cabeça, pressão alta (nunca tive isso na vida, sempre minha pressão foi super baixa), taquicardia, etc. Depois desses 2 dias voltei pra casa (sexta-feira a noite). Aí começou tudo. No sábado acordei com falta de ar e dores no peito, no decorrer do dia começou uma leve dor de cabeça que foi se agravando até se tornar insuportável. Era a pressão subindo. Para resumir, na madrugada de segunda simplesmente não conseguia ficar deitada de tanta dor de cabeça. O recurso foi voltar para o hospital (recomendação deles antes de termos alta). Chequei no hospital chorando de dor de cabeça, eles me internaram imediatamente. Aí gente, começou o suplício. Simplismente me viraram de cabeça para baixo. Mesmo com o recebimento de 4 frascos de imunoglobulina, minhas plaquetas continuavam caindo. Aí sim os médicos começaram a se estressar, pois o tratamento não estava adiantando e faltava apenas 10 dias para o nascimento do bebê.

Aqueles dias no hospital foram bastante difíceis para mim. A impressão que eu tinha é que eles não sabiam o estavam fazendo. Eu já conhecia todos os médicos, residentes e enfermeiras de todos os plantões. Cada um que vinha me ver pela primeira vez fazia as mesmas perguntas, apesar de terem um dossiê gigante com td que acontecia comigo. Cheguei a conclusão que o dossiê é só para manterem um arquivo, pois não é consultado pelos plantonistas, com excessão das enfermeiras, que aparentemente recebiam o relatório quando mudavam os plantões. Elas são quem verdadeiramente cuidam da gente, sabem o acontece e vivem o dia-a-dia dos pacientes. Sou eternamente grata as enfermeiras do hospital, pelo carinho que a maioria delas (há excessões) tiveram comigo.

Fiz até tomografia computadorizada e raio-X da cabeça para terem certeza que eu não havia sofrido um pequeno aneurisma, tudo para decidirem qual a melhor estratégia diante dos fatos. Enquanto isso eu tirava 4 tubos de sangue cerca de 4 vezes por dia. Tinha soro e medicação nas duas mãos e não tinha mais veia saudável para coleta de sangue. Ao mesmo tempo a obstetra, junto com a hematologista (mudou o médico no meio do caminho) decidiam qual a melhor alternativa de parto. Com as plaquetas baixas eu não poderia ter parto normal com anestesia, porque esta não faria efeito (não sei dizer pq, informação dada pelo médico). Se fosse parto normal teria que ser na raça (coisa que eu acho que não teria, eheheh); Parto de cesária, como estava previsto, teria que ser com anestesia geral, já que anestesia peridural também não faria efeito.

Meu parto estava previsto para o dia 23 de junho, mas com todas estas complicações resolveram adiantar 1 semana e o nenê nasceu no dia 16/06. A escolha para o parto foi cesária com anestesia geral. Para solucionar os possíveis riscos de uma hemorragia durante a cirurgia devido a falta de coagulação por conta do baixo nível de plaquetas, optaram por fazer transfusão de sangue durante o parto. O triste foi que o Igor não pode entrar na sala de cirurgia, então uma enfermeira gravou o momento do nascimento do Thiago.

No final tudo deu certo, após a cirurgia tive um pico de pressão de alta (19/15) que foi imediatamente controlada pelo anestesiologista e enfermeiras. Permaneci no hospital mais 5 dias, mas pelos médicos eu permaneceria lá por mais tempo. Tudo foi negociado, pois eles só queriam me liberar até estar com tudo em dia (plaquetas, pressão, anemia, etc). Acontece que ficar em hospital muito tempo (eu já estava a mais de uma semana, contando o tempo da transfusão da imunoglobulina), não é nada saudável. Além de estar cansada de tanto exame, tanto tirar sangue, estava estressada com os primeiros momentos da amamentação, etc. O que os médicos e enfermeiras não entendiam era que eu não conseguiria voltar em meu estado normal de saúde se não voltasse para minha casa, com meus filhos, Thabata e Matheus (neste tempo ficaram sozinhos, se virando em casa), com minha vida e saísse daquele ambiente hospitalar. Eu já estava exaustada de tudo, me sentia sozinha, longe da minha família, amigos, do meu país. Só queria voltar pra minha casa (estava igual o E.T. - "Minha casa"- era só o que eu falava, eheheh. No final das contas eu já não sabia se todo excesso de zelo no hospital era porque tinham cuidado comigo ou se estavam se prevenindo caso eu tivesse mais complicações, tendo em vista que o tratamento da queda das plaquetas foi iniciado tardiamente e ainda a opção pela transfusão de imunoglobulinas não foi acertada, gerando complicações inesperadas e efeitos colaterais que eu nunca havia tido antes.

Enfim, apesar de eu ter sido bem atendida, tido um tratamento na ala pública melhor que na privada, senti o corpo clínico muitas vezes inseguro, sem saber o que fazer, muitas vezes emperrados por terem que se precaver de suas decisões. Aqui no Canadá os profissionais da área de saúde precisam ter cuidado em suas decisões, pois qualquer erro pode ser usado contra eles. Aqui isso é levado muito a sério. Senti também na troca dos plantões uma falta de sintonia. Na maioria dos atendimentos eram realizados por residentes. A cada mudança repetiá-se as mesmas perguntas, os mesmos exames, eu tinha que repetir toda a balela da minha situação para cada um.

Ontem fez 1 mês que o Thiago nasceu, estamos aqui nos adaptando com a nova rotina. Olho para trás e me vem um grande alívio. Sempre lembro do que minha falecida mãe me dizia quando eu vivia alguma dificuldade: "vai passar minha filha, tenha paciência". Era isso que pensava enquanto vivia aquela realidade no hospital. Pra mim não foi fácil ter um meu bebê longe da família, do meu país, dos médicos em quem confiava, sem o domínio da língua. Senti-me frágil, sem poder ter certeza do que estavam fazendo comigo. Coube a mim ter fé, e tentar encarar tudo com otimismo, sempre tendo em mente que "tudo iria passar". Graças a Deus passou, hoje estou aqui recuperando minha saúde: minhas plaquetas, pressão, nível de ferro, voltaram ao nível normal. Agora irei cuidar do meu peso: ganhei 9 Kg na gravidez, perdi 15 Kg em 1 mês. Como meu metabolismo é muito rápido preciso ficar alerta. Nesta próxima semana irei consultar uma nutricionista para fazer uma dieta de engorda.
Agora somos 5 na família, mais o gato, seguindo nossa vida com passos firmes de quem sabe onde quer chegar.

9 comentários:

Anônimo disse...

Oi Cris e Igor! Primeiro parabéns pelo Thiago, ele é linnnndo super cabeludinho e fortão!rs Graças a Deus deu tudo certo para sua família... Parabéns!!!

Abraços

Daniela e Juliano

Paola disse...

nossa cris! quase morri de tanto chorar com este post.
fico feliz em saber que agora tudo esta entrando nos eixos, que vc esta se recuperando. se puder ajudar de alguma forma, e so falar!
beijos!! paola

Anônimo disse...

Cris, fiquei revoltada com o serviço médico. Que loucura o que vc passou!!! Parabéns pelo filhotinho e pela serenidade, não é qualquer ir que consegue lidar com essas dificuldades.
Agora é hora de comemorar a chegada de um bebezinho lindo e curtir muito.
bjs
Marcia

:) Família Feliz :) disse...

Que coisa mais linda o Thiago! ele eh um fofo!!! o video eh emocionante, que ja tem filhos sabe como eh...
Mil bjs Cris e melhora rapido, arroz doce e canjica com leite condensado eh tiro e queda!A gente ganha algumas graminhas... tbem sou dureza de engordar...
Cristine

Mariane, Richard e Ricardo disse...

Em primeiro lugar, parabéns pelo seu bb, muito lindo! E graças a Deus deu tudo certo! Realmente eu não imaginava que estava ocorrendo tudo isso com vc., esses dias ainda pensei: será que o bb já nasceu?....Enfim, ofereço, com atraso, a minha solidariedade, vc. deve ter sofrido muito, ainda mais longe da família, parabéns pela garra, pela força e garanto que depois de tudo isso que passou, vc. receberá em troca muito amor e bênçãos do seu Thiago! E cuide-se bem, não será tão mal fazer a dieta de "engorda", né?!rsrs bjoos, mariane

Juliana, Angelo e Miguelzinho disse...

Amiga,
coisa mais linda o Thiago!
Parabéns! A Jana (sua comadre) me contou o que te aconteceu! Mas vc é incrível, aliás vcs são incríveis!
Te admiro demais.
Bjos queridos, fiquem com Deus.

Juliana, Angelo e Miguelzinho disse...

Shalom!!!!
Ficamos muito felizes por tudo no final dar certo, com a graça de Deus!!!!
Acabei de assistir os videos e me emocionei bastante.... lindo.
Nada contra, mais parece que ja esta na hora de incluir mais um na fotinho da abertura do blog de vcs.
Um grande beijo
Angelo

Anônimo disse...

Olá familia querida! Parabéns pelo nascimento do lindo Thiago. Cris, entendo muito bem o que você passou, pois foi extamenteo que aconteceu comigo na gravidez do Estevão. Graças a Deus deu tudo certo. Estamos esperando vocês no fianl do ano.
Bjs

Guilhermina e familia

Juntos Salvaremos Nosso Planeta disse...

Olá querida,

Você poderia me dizer com quantas planquetas você estava quando começou o tratamento com imunoglobulina e qual era o nível no momento do parto? Estou tomando a decisão se farei este tratamento, mas depois do seu depoimento provavelmente não. Hoje estou com 40 mil plaquetas, e já estou na 37 semana da gestação....

Obrigada